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A Prefeitura não abre os dados sobre a execução orçamentária e não apresenta a situação atual da companhia. Como ela pretende que você opine contra ou a favor da privatização se ninguém pode ter os dados e saber a situação atual? Não querem que você saiba.
Desde 1983, o destino final do lixo coletado em Niterói é o "Aterro" do Morro do Céu, no bairro do Caramujo. Lá, os resíduos são espalhados, compactados e, finalmente, recobertos com uma camada de saibro. Por dia, chegam ao Aterro em média 470 toneladas de detritos. Esta operação está esgotada há anos e o Ministério Público muita vezes atuou no sentido de multar a prefeitura porque é impossível continuar utilizando aquele espaço, que não atende as exigências da lei, não trata adequadamente os resíduos e não está atualizado em termos de tecnologia e soluções. A prefeitura não tem certeza ou projeto sobre o que fazer com o problema mais grave na questão do lixo em Niterói, mas ainda assim já tem todas as certezas sobre a necessidade de privatizar a companhia. Não querem que você ache estranho.
A audiência pública para tratar da privatização foi marcada no primeiro dia útil do ano, no horário de expediente dos trabalhadores, às lOh da manhã, na rodoviária de Niterói, quarto andar. A audiência não foi amplamente divulgada e não houve alarde. Não querem que você participe.
O presidente atual da CLIN e o prefeito não foram à audiência. Que compromisso seria mais importante que a discussão sobre a concessão do lixo da cidade por até 35 anos? Por que eles não estavam presentes explicando suas idéias para a população? Não querem que você os veja lá.
Não houve uma audiência pública, pois o representante do governo mal falou. A direção dos trabalhos, as explicações e até a coordenação foram transferidas a um funcionário de uma empresa privada, desconhecido de todos e de fora da cidade, que apresentou dois slides em data show definindo alguns parágrafos de texto como "explicação técnica". Não havia sequer previsão de manifestação para os presentes e nenhum plano real ou documento escrito foi apresentado. Não querem que você discorde.A Prefeitura através de nota, afirmou que não fará demissões por conta da privatização, mas até mesmo a procuradoria municipal não sabe dizer como isso poderia ser feito juridicamente. Não há, na nota, nenhuma menção à forma que esta garantia assumirá e a prefeitura admite não possuir um plano para honrar o que disse. Por conta própria já até cogitaram um plano de demissões voluntárias, paradoxalmente. A nota pública não possui nenhum valorjurídico nem garante os postos de trabalho de forma alguma. Não querem que você desconfie.
Se é possível termos um serviço de limpeza melhor, sem cortar funcionários, aumentando os investimentos, com melhora de equipamentos como dizem e se afirmam que isso não significará aumento no valor cobrado de todos nós no futuro porque então não fazer exatamente isso com os recursos já existentes? A conta financeira da proposta de privatização não fecha. Não querem que você perceba. A Prefeitura não tem condições de garantir que os trabalhadores hoje concursados permanecerão nos quadros da empresa com a privatização, nem a melhoria dos serviços. A Empresa tem que valorizar mais seus funcionários concursados e gastar menos com a terceirização de serviços.